USO DE PREBIOTICOS, PROBIOTICOS E SIMBIÓTICOS NA ALERGIA AO LEITE DE VACA



USO DE PREBIOTICOS, PROBIOTICOS  E SIMBIÓTICOS NA ALERGIA AO LEITE DE VACA

 

AUTORA : RAQUEL PITCHON

Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

Especialista em Alergia e Imunologia Pediátrica pela SBP

Especialista em Alergia e Imunologia pela Associação de Alergia e Imunopatologia

Mestre na área da Saúde da Criança e Adolescente pela Universidade Federal de Minas Gerais

Professora da Faculdade de Medicina de Ciências Médicas de MG

 

 

O intestino do feto é estéril. O recém-nascido por parto vaginal apresenta a colonização inicial do tubo digestivo por bactérias da flora vaginal e fecal de sua mãe. Por sua vez, os recém-nascidos por cesárea são colonizados por bactérias do ambiente. Além do tipo do parto, a dieta materna durante a gestação , o tipo de alimentação do bebe, aleitamento natural ou artificial,são alguns fatores importantes na definição da microbiota intestinal do lactente.

O aleitamento natural proporciona microbiota intestinal constituída predominantemente (> 90%) por bifidobactérias e lactobacilos. Nos lactentes que recebem aleitamento artificial, essas bactérias correspondem a 40 a 60% da microbiota, onde se encontram também bactérias dos gêneros do clostrídio, estafilococo e bacterióides.

Muitos estudos tem avaliado as relações da desregulação do sistema imune , da flora intestinal, interação com o meio ambiente , da predisposição genética e o desenvolvimento da alergia.

Considerando que setenta por cento de todas as células imunes estão no nosso intestino e nos órgãos linfóides a ele relacionados, tem sido sugerido que a DISBIOSE da microbiota intestinal precede a sensibilização alérgica pelo alimento e também se relacionaria com o aumento das alergias em geral.

Devido a isso, estratégias como intervenção na dieta da gestante e do bebe no primeiro ano de vida poderão induzir ao aumento de bactérias intestinais ¨benéficas¨ como Lactobacilos e Bifidobacterias e a redução das ¨maléficas¨ como o Clostridium e Firmicutis. Essas últimas associadas com o aumento da incidência de alergias, especialmente a alergia ao leite de vaca.

 

Esse ¨equilíbrio benéfico da flora intestinal¨ teoricamente poderia ser induzido pelo uso de prebioticos, probioticos e simbióticos. Os prebioticos são substratos de carbohidratos não digeríveis ( ex.:sc gos, ic fos), os probioticos são microorganismos vivos e ativos e os simbióticos são uma mistura de pre e probioticos. Além desses temos compostos que levam à produção de componentes biologicamente ativos à partir da sua fermentação pelos microorganimos intestinais .

Os mecanismos exatos de ação dos probioticos, prebioticos e simbióticos, ainda não foram plenamente estabelecidos. De acordo com a própria definição, esses compostos devem estar viáveis no momento do consumo. Após a ingestão, devem manter sua viabilidade após contato com o ácido gástrico e com os sais biliares. Além de vencer essa barreira química, eles devem se aderir à superfície intestinal onde desempenham suas funções, competindo com agentes patogênicos e modulando as respostas inflamatórias e imunológicas do hospedeiro. É importante lembrar que não conhecemos ainda o tempo de permanência e o tempo de ação desses compostos. Mas tudo sugere que eles alteram favoravelmente a flora intestinal, inibem o crescimento de bactérias patogênicas, promovem digestão adequada, estimulam a função imunológica local e aumentam a resistência à infecção.

O seu uso pode induzir a um reequilíbrio da flora intestinal, com menos infecções, menor uso de amoxicilina e redução de internações por causas infecciosas. Os efeitos benéficos deles tem sido documentados no sentido de reduzir as doenças alérgicas, especialmente as alergias alimentares, alergia a proteína do leite de vaca (APLV), assim como ajudar na sua resolução. Bons resultados também foram observados para a abordagem da dermatite atópica, doenças gastrointestinais, saúde oral, doenças coronarianas, entre outras.

 

A literatura não tem revelado efeitos colaterais e adversos com o seu uso até o momento. No entanto, muitos estudos ainda são necessários para definirmos qual composto usar , em qual concentração e por quanto tempo.

 

Mas um ponto é indiscutível, o Leite Materno, que é rico em oligossacarídeos ou seja rico em prebioticos , estimula o crescimento e a predominância de bifidobacterias e lactobacilos na flora intestinal do bebe, que são associados a ¨flora benéfica ¨, a curto , médio e longo prazo. Portanto o alimento ideal para todos os bebes!

 

 

 

 

PITCHON RR , RAQUEL PITCHON, RAQUEL PITCHON DOS REIS